segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Argentina - antes tarde que nunca.

ex capitão de fragata Alfredo Astiz

Julgamento e condenação
Dias depois de chegar ao Brasil, já recuperado do susto vi em um noticiário televisão uma imagem que me deixou estático. Era uma notícia sobre o golpe militar na Argentina , muito superficial pois com certeza a midia brasileira em quase sua totalidade se omitia de se aprofundar muito sobre o assunto. As  informações que aqui chegavam eram truncadas provavelemente pelos militares brasileiros. A censura por aqui, como em vários paises que estavam sobre as botas dos militares, era dura. Mas enfim. A matéria televisiva era feita no aeroporto de Ezeiza e registrava a presença de vários militares de alta patentes procedendo vistoria nos passageiros que lá faziam seus check-ins e em busca do Ministro do Bem Estar Social e secretário particular da Presidente Isabelita,  José López Rega, conhecido como el Brujo.  Nas imagens mostradas estava o militar que tinha procedido a verificação nas minhas coisas no aeroporto de Ezeiza. Tratava-se de um militar da marinha argentina cujo nome era ALFREDO ASTIZ. Essa figura que depois de anos foi desvendada aos olhos do mundo pois cometeu no período em que esteve junto com os militares no poder, atrocidades as mais inimagináveis, como jogar pessoas de um avião na bacia do Prata. Sempre bem protegido trafegou imune por muitos e muitos anos entre os poderosos militares que trouxeram muita tristeza ao povo argentino. Reconheci-o de pronto pois aquele olhar era sinistro demais para ser esquecido. Até os dias de hoje fico imaginando como a vida das pessoas pode mudar no segundo seguinte. Podemos passar do paraíso ao inferno em um segundo, dependendo das circunstancias, lugares, momento em que estamos vivendo. Fatos completamente estranhos a nós interferem de maneira que nossa vida mude radicalmente. Não há uma explicação plausível para esse militar ter me permitido sair da Argentina pois passados anos e a vida desse militar ser aberta ao conhecimento do mundo, tal atitude era imprópria a ele. Esse "hiato" de ter permitido alguém ter driblado as regras do que ele pensava que era o correto, fez com que tivesse sido possível um brasileiro voltar para os seus, naquele momento terrível que vivia a Argentina. Muitos, como eu, não tiveram a mesma sorte. Foi o caso , apenas prá citar um exemplo do pianista brasileiro Francisco Tenório Junior, o Tenórinho que acompanhava Vinicius de Morais e o Toquinho em vários shows em Buenos Ayres e que ali se encontravam naqueles dias. Cheguei a assisti-los no Gran Rex Teatro, ali na Av. Corrientes pertinho do Obelisco, no dia anterior, uma quarta-feira. Na noite seguinte Tenorinho desceu do apartamento do Hotel Normandie onde estava hospedado com Vinicius e Toquinho para comprar cigarros e um remédio numa farmácia que tem na esquina do hotel. Ao entrar na avenida deparou-se com uma batida dos militares que já se movimentavam para o Golpe Militar que ocorreria dias depois. Tenórinho foi detido para averiguações, e reaparece morto dias depois em dependências de base militar. Era pianista, músico excepcional e um apolítico declarado.  Anos depois uma testemunha declara em entrevista dada num orgão de imprensa aqui no Brasil o envolvimento do militar Astiz. Relato isso para registrar que a Justiça dos homens por vezes se faz presente mesmo que muitos anos depois. Todos esses militares foram condenados com as mais diversas penas. E muitos ainda irão passar pelo julgamento da história e dos homens. Aí está abaixo, o nome e o que aconteceu com alguns deles.
Fonte: Jornal El Clarin Bs. (texto original em español)
ALFREDO ASTIZ Ex Capitán de Fragata
Sentencia:
prisión perpetua
Fue agente de inteligencia de la Armada, conocido como el "Angel Rubio" o el "Angel de la Muerte". Se infiltró en Madres de Plaza de Mayo. Formó parte del Grupo de Tareas de la ESMA. Ya había sido condenado en ausencia en Francia por el crimen de las monjas Duquet y Domon.
JORGE EDUARDO ACOSTA
Ex Capitán de Fragata
Sentencia:
prisión perpetua
Fue jefe de Inteligencia y jefe del Grupo de Tareas de la ESMA en la época en que funcionó el centro clandestino de detención, famoso por estuprar suas prisioneiras. (Estava junto na detenção do Pianista Tenórinho)
RICARDO CAVALLO
Ex Capitán de Corbeta
Sentencia:
prisión perpetua
Detenido en 2000 en México por orden del juez español Garzón y luego extraditado a la Argentina.
OSCAR ANTONIO MONTES
Ex Contraalmirante
Sentencia:
prisión perpetua
Fue colaborador de Emilio Massera y llegó a ser canciller.
ANTONIO PERNIAS
Ex Capitán de Fragata
Sentencia:
prisión perpetua
Fue uno de los que admitieron en el juicio la existencia de los "vuelos de la muerte".
JORGE RADICE
Ex Teniente de Fragata
Sentencia:
prisión perpetua
Formó parte de los grupos de tareas de la ESMA y en otras causas está acusado de la apropiación de bienes de desaparecidos.
ADOLFO DONDA
Ex Capitán de Fragata
Sentencia:
prisión perpetua
Era oficial de inteligencia. Está acusado también de apropiación de menores.
RAUL SCHELLER
Ex Agente de Inteligencia
Sentencia:
prisión perpetua
ALBERTO GONZALEZ
Ex Capitán de Corbeta
Sentencia:
prisión perpetua
JULIO CESAR CORONEL
Ex Teniente Coronel
Sentencia:
prisión perpetua
ERNESTO WEBER
Ex Agente de Operaciones de la ESMA
Sentencia:
prisión perpetua
JUAN CARLOS FOTEA
Ex Sargento de la Policía Federal
Sentencia:
25 años
MANUEL GARCIA TALLADA
Ex Jefe de la ESMA
Sentencia:
25 años
NESTOR SAVIO
Ex Teniente de Navío
Sentencia:
prisión perpetua
CARLOS CAPDEVILLA
Ex Capitán de Corbeta
Sentencia:
20 años
JUAN ANTONIO AZIC
Ex Ayudante Mayor de Prefectura
Sentencia:
18 años
JUAN CARLOS ROLON
Oficial de Inteligencia
Sentencia:
absuelto
PABLO GARCIA VELASCO
Oficial de Inteligencia
Sentencia:
absuelto

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

março de 1976...parece que foi ontem...

Emilio Eduardo Massera, Jorge Rafael Videla e Orlando Ramon Agosti
Corria o ano de 1976. Resolvi nas minhas férias visitar um grande amigo argentino chamado Jorge Luis Bogner,  residente em Buenos Ayres, Argentina. Desci no aeroparque depois de embarcar em um avião caindo aos pedaços na cidade  de Uruguaiana. Cheguei pelas 16:00 horas e fui direto a casa do meu amigo que morava em um bairro chamado Leon Suarez, vizinho a Villa Ballester e Malaver Libertad. Minha chegada foi no dia 10 de março e dias depois (22 de março) estávamos nós vendo tv e fomos informados do golpe militar através da televisão. Caía o governo de Maria Stella Martinez de Peron e se instalava naquele triste momento uma ditadura pavorosa governada por uma junta militar. Faziam parte da Junta  tres militares, um de cada força militar, ou seja, Exército, Marinha e Aeronáutica.  Esses militares por sua vez escolhiam, entre si claro, quem seria o novo presidente que conduziria os argentinos .As juntas por ordem foram:
Em cada uma destas etapas, as juntas designaram como «presidentes» de fato a Jorge Rafael Videla, Roberto Eduardo Viola, Leopoldo Fortunato Galtieri e Reynaldo Benito Bignone respectivamente, todos eles integrantes do Exército. Bignone, foi o único "presidente" que não pertenceu à junta.O «Processo de Reorganização Nacional» levou adiante uma guerra suja na linha do terrorismo de estado que violou massivamente os direitos humanos e causou o desaparecimento de dezenas de milhares de opositores. Mas isso, a história já registrou e todas as pessoas informadas já tiveram conhecimento. Quero me manifestar a respeito porque acompanhei de perto o evento, estando lá naquele momento (fiquei vários dias sem poder sair da capital federal) . Andei pelas ruas e vi a atrocidade cometida pelos militares, parando veículos e retirando pessoas de ônibus e do  "subte" (como os argentinos da capital chamam o metrô). Tudo com uma violência terrivel, as baionetas caladas, chutes, tapas na cara e empurrões para dentro de "Falcons" esverdeados. Consegui sair do país 20 dias depois. Passei momentos de extremo perigo no aeroporto de Ezeiza tomado pelos militares cometendo a maior violência contra as pessoas que retornavam a seus países de origem. E ali, naquele momento cruzei com uma figura que me marcou muito pois ao revistar-me no embarque por alguma razão que desconheço deixou-me embarcar de volta para minha terra. Acontece que eu trazia na carteira alguns panfletos dos montoneros ( terroristas) que tinha recebido no metrô. E eles encontraram aqueles papéis quando da revista procedida a todos que embarcavam. Era um militar garboso, cheio de estrelas, num uniforme branco (Marinha) e com um olhar penetrante, assustador. Expliquei a ele que trazia apenas por curiosidade de turista e queria mostrar a meus amigos aqui no Brasil. O militar deveria ter a minha idade, 25 a 26 anos. Olhou-me de cima abaixo e senti , ali que não me deixariam sair do aeroporto. E a seguir, do País. Fez-me algumas perguntas e já estava cercado de militares por todo o lado, junto ao balcão da Varig. Houve um tumulto maior logo ao lado e virei-me para ver. Prenderam um cidadão que estava com a espôsa e foi aquela gritaria. O militar perdeu o interesse em mim e separando os panfletos dos montoneros da minha carteira disse-me olhando bem dentro dos meus olhos: - Usted me puede dar este regalo, señor? Respondi : si, de pronto señor!!!
E ele... ay está. Buen viaje señor Ferreira. Naquele momento a ficha não caiu. A adrenalina era tão forte que não deixava o medo aflorar, não tinha ainda aferido a gravidade da situação. Consegui entrar na aeronave e isso era umas 19:00 hs. Ficamos até as 21:30 sem poder decolar rumo ao Brasil. E nesse ínterim os militares entraram por várias vezes dentro do avião e retiraram pessoas presas. E eu, sentadito meio encolhido numa poltrona na janela do avião pensava o que aconteceria se eles encontrássem um monte daqueles panfletos que estavam dentro das minhas malas que despachei como bagagem. Ali fiquei rezando baixinho para que liberassem o Varig pra POA. E assim foi. Só fui  "esvaziar" quando o comandante da aeronave avisou por rádio que estávamos em território brasileiro.
Amanhã, conto o desfecho e o porque dêsse preâmbulo. Até lá...

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Felicidade Parte IV Herman Hesse




"Foi nos meus tempos de menino de escola, e o singular, legítimo, primitivo e mítico nessa experiência, o estado de ser um com o mundo num riso silencioso, a total liberdade em relação a tempo, esperança e temor, o absoluto presente não pode ter durado muito, talvez não mais do que alguns minutos.
Certa manhã - eu era menino agitado, de uns 10 anos -, acordei com uma sensação inusitada, profunda e doce, de alegria e bem estar, que me iluminava inteiro como um sol interior, como se agora mesmo, naquele instante do despertar de um bom sono de menino, algo de maravilhoso, de novo me tivesse acontecido, como se todo o meu pequeno-grande mundo de menino estivesse numa situação nova e mais elevada, tivesse entrado em outra luz e clima, como se só agora, cedo de manhã, toda a bela vida tivesse adquirido todo o seu valor e sentido. Eu nada sabia de ontem nem de amanhã, estava rodeado e inundado daquele hoje feliz. Aquilo fazia bem, e meus sentidos e minha alma o saborearam sem curiosidade nem justificação. Aquilo me invadia e tinha um gosto magnífico.
Era de manhã, pela janela alta eu vi sobre a longa cumieira do telhado do vizinho o céu alegre de um azul-claro puro, também ele parecia feliz como se pretendesse coisas especiais e tivesse posto para essa ocasião sua melhor veste. Não se via mais do mundo ali da minha cama, só aquele elo céu e o longo pedaço de telhado da casa vizinha, mas também esse telhado, esse telhado monótono e desinteressante de telhas castanho avernelhadas parecia rir, sobre uma parede oblíqua íngreme e sombreada perpassava um leve jogo de cores, e uma única telha de vidro azulada no meio das de cor vermelha parecia viva, parecia alegremente desejosa de espelhar algo daquele céu matinal de brilho leve e permanente.
O céu, a quina um tanto grosseira da cumieira do telhado, o exército uniforme das telhas marrons e o azul translúcido da única telha de vidro pareciam harmonizar-se de maneira bela e alegre, nada queriam, visivelmente, senão naquela hora matinal especial rir umas com as outras, e querer-se bem.
Azul-celeste, marron telha e azul vítreo pertenciam uns aos outros, brincavam entre si, sentiam-se bem, e era bom e fazia bem vê-los assim, participar do seu brinquedo, sentir-se inundado, como eles, pelo mesmo brilho da manhã e pela mesma sensação de bem estar.
Assim, no começo da manhã, fiquei deitado saboreando junto com tudo isso  a calma sensação do sono que recém acabara, uma bela eternidade em minha cama, e, se saboriei felicidade igual ou semelhante mais vezes em minha vida, nenhuma poderia ser mais profunda e mais real: o mundo estava em ordem.
E, se essa felicidade durou cem segundos ou dez minutos, era tão atemporal que se parecia tão perfeitamente com qualquer outra felicidade legítima quanto uma borboleta azul se parece com outra. Aquilo foi transitório, foi recoberto pelo tempo, mas era profundo e eterno o bastante para depois de mais 60 anos ainda me chamar e atrair, e eu, com os olhos cansados e dedos doloridos, ainda tenho de me esforçar para o invocar e lhe sorrir, e o descrever. Essa felicidade não consistia nada além da harmonia de algumas poucas coisas ao meu redor com o meu próprio ser, um bem-estar sem desejos, que não exigia nenhuma mudança nem intensificação.
Ainda estava tudo quieto na casa, e também lá fora não se ouvia um som. Se não fosse esse silêncio, provavelmente a lembrança dos deveres cotidianos, da necessidade de levantar-me e ir à escola, teria perturbado meu bem estar. Mas óbviamente não era nem dia nem noite, era a doce luz e o azul risonho, sem passos de criadas nas lajes do pátio nem porta rangendo, nem padeiro subindo as escadas. Esse momento matinal estava fora do tempo não levava a nada, não indicava nada iminente, bastava-se a si mesmo, e como me incluísse inteiramente, para mim não havia dia nem pensamento de levantar ou ir à escola, nem tarefas mal cumpridas nem vocábulos mal aprendidos, café da manhã apressado na arejada sala de jantar.
A eternidade da felicidade dessa vez foi desfeita pela intensificação do belo, por um mais e demais de alegria. Enquanto eu estava ali deitado sem me mover, e o silencioso e claro universo matinal penetrava em mim e me absorvia, algo inusitado, algo brilhante e excessivamente claro e dourado e triunfante varou o silêncio, cheio de uma atrevida alegria, pleno de uma doçura sedutora e inquietante: o som de uma trombeta.
E, enquanto eu, só agora plenamente desperto, me sentei na cama afastando os cobertores, o som mostrou ser de duas vozes, de mais vozes ainda: era a banda da cidade que marchava pelas ruelas, um acontecimento muito raro e excitante, cheio de uma festividade barulhenta que fez meu coração de criança rir e soluçar a um tempo, como se toda a felicidade, todo o encanto daquela hora sublime tivesse se diluído naqueles sons agridoces e excitantes., e agora se derramasse, despertado e retornado ao temporal e ao transitório.
Saí da cama num segundo, tremendo de alegria solene, corri atravessando a porta para o quarto ao lado, de cuja janela se via a rua. Num tumulto de encanto, curiosidade e desejo de participar, debrucei-me numa janela aberta, escutei feliz os sons altivos da música que aumentavam e vi e ouvi as casas vizinhas e as ruas acordando, tomando vida e enchendo-se de rostos, figuras e vozes - e no mesmo segundo eu soube também tudo aquilo que esquecera inteiramente naquele momento de bem-estar entre sono e dia. Eu soube que  com efeito naquele dia não haveria aulas, era um feriado importante, penso que era aniversário do rei, haveria desfiles, bandeiras, música e uma alegria inusitada.
E, sabendo disso eu tinha voltado, estava novamente submetido às leis que regem o cotidiano, e ainda que não fosse um cotidiano, mas um dia de festa para o qual eu fora despertado pelos sons de  metais, o verdadeiro e belo e divino naquele encanto matinal passara, e sobre aquele pequeno milagre suave voltaram a se fechar as ondas do tempo, do mundo, da banalidade."

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Felicidade - Parte III Herman Hesse


" Sonhar com aqueles tempos florescentes foi-se perdendo aos poucos, líamos livros de história, líamos Schopenhauer, desconfiávamos do superlativo e das belas palavras, aprendemos a viver espiritualmente em um clima abafado e relativizado - e mesmo assim a palavra felicidade , onde quer que a encontrássemos inesperadamente, soava com o velho som dourado e cheio , continuava sendo pressentimento ou memória de coisas de altíssimo valor. Talvez, pensávamos por vezes, pessoas simples e infantis podiam chamar de felicidade aqueles bens concretos da vida, mas nós pensávamos antes em algo como  sabedoria, superioridade, tolerância, certeza da alma, tudo o que era belo e nos alegrava, mas sem merecer um nome tão arcaico, pleno e profundo como felicidade.
Entrementes minha vida pessoal chegara a um ponto em que eu sabia que não era feliz, e que também a busca da chamada felicidade não tinha ali espaço e sentido. Numa hora patética eu talvez designasse essa situação como Amor Fati mas no fundo nunca tive grande tendência para o pathos, a não ser em breves exceções e breves estados de excitação. E também o amor sem desejo e nada patético, à Schopenhauer, não era mais meu ideal absoluto, desde que eu aprendera aquele modo silencioso, inaparente, lacônico e sempre um pouquinho zombeteiro de sabedoria em cujo solo brotara, os relatos da vida dos mestres chineses e as parábolas do Tchuang Tsi.
Bem, não quero divagar. Pretendo dizer algo bastante definido. Primeiro, e para não perder o fio, tento formular com palavras abrangentes qual o conteúdo e significado que tem para mim hoje em dia a palavra felicidade. Hoje entendo por felicidade algo bem objetivo, isto é, a totalidade mesma. O ser atemporal, a eterna música do universo, isso que outros chamaram de harmonia das esferas ou sorriso de Deus. Esse conceito, essa música infinita, essa eternidade de sons plenos e de brilho dourado é presente puro e perfeito, não conhece tempo, história, antes e depois. Eternamente brilha e ri o semblante do mundo, enquanto seres humanos, gerações, povos, reinos, surgem, florescem e novamente caem nas sombras e no nada. A vida produz uma música permanente , dança incessantemente sua ciranda, e o que a nós efêmeros, a nós ameaçados e caducos mesmo assim é dado em alegria, conforto e riso, é luz que vem de lá, é um olho cheio de brilho e um ouvido cheio de música.
Se alguma vez realmente houve aquelas pessoas lendariamente "felizes", ou se aqueles felizardos louvados com inveja, os filhos do sol e os senhores do mundo foram iluminados pela grande luz apenas em horas ou momentos festivos e abençoados, não tiveram outra felicidade nem partilharam de nenhuma outra alegria.
Respirar num presente perfeito, cantar no coro das esferas, dançar na ciranda no mundo, rir com o eterno riso de Deus, é o que nos cabe como parte da felicidade. Muitos só tem isso uma vez, muito poucas vezes. Mas quem o viveu não foi feliz só por um instante, pois levou consigo algo desse brilho e melodia, dessa luz da alegria atemporal, todo o amor que foi trazido a este mundo pelos amantes, todo o consolo e alegria que foi trazido pelos artistas, e às vezes séculos depois continua brilhando como no primeiro dia, vem de lá.
No curso de uma vida inteira cheguei a esse significado abrangente, universal e sagrado da palavra felicidade, e talvez seja preciso dizer expressamente àqueles de meus leitores que ainda são meninos de escola, que não estou aqui fazendo filologia, mas contando um pedacinho da história de uma alma, e que estou muito longe de os estimular a também darem em sua linguagem oral e escrita o mesmo tremendo significado à palavra felicidade. Mas para mim, em torno dessa sublime, dourada e simples palavra reuniu-se tudo o que desde a infância senti ouvindo-a.
A sensação era evidentemente mais forte na criança, a resposta de todos os sentidos a suas qualidades sensórias e à sua convocação eram mais intensas e mais ruidosas, mas, se a palavra em si  não fosse tão profunda, tão arcaica e tão universal, minha idéia do eterno presente, do "rastro dourado" (na boca de Goldmund) e do riso dos imortais ( em "O Lobo da Estepe") não se teria cristalizado em torno dessa palavra.
Quando pessoas que envelheceram tentam recordar quantas vezes e com que intensidade sentiram felicidade, procuram primeiramente em sua infância, e isso é correto, pois para vivenciar felicidade é preciso sobretudo independência do tempo, e com isso do medo e da esperança, e em geral com os anos as pessoas perdem essa capacidade. Mesmo eu, quando tento recordar momentos em que participei do brilho  do eterno presente, do sorriso de Deus, volto sempre a infância e encontro lá as mais frequentes e valiosas experiências desse tipo. É verdade que os tempos alegres da adolescência eram mais coloridos, festivos e agitados, o espírito participava mais deles do que nos anos de infância.
Mas, olhando melhor e melhor, ali havia mais divertimento e graça do que realmente felicidade. A gente era divertida, engraçada, espirituosa, a gente fazia muitas boas brincadeiras. Lembro de um momento no grupo de meus colegas no florido tempo da juventude: um inocente perguntou, na conversa, o que era afinal um riso homérico, e eu respondi com uma risada ritmada, que se escandia precisamente como um hexâmetro.
Todos riram alto, brindaram tocando os copos, mas momentos desses não se sustentam quando lembrado mais tarde. Tudo aquilo era bonito, foi divertido, saboroso, mas não era felicidade.
Depois de analisar isso por algum tempo, a felicidade parecia ter sido experimentada só na infância, em horas ou momentos difíceis  de reviver, pois também ali no reino da infância o brilho nem sempre parecia legítimo quando bem examinado, o ouro nem sempre tão puro. Vendo bem, restavam apenas poucas vivências, e também  elas não eram quadros que se pudessem pintar, histórias que se pudessem contar, esquivavam-se agilmente quando questionados.
Se uma lembrança dessas se apresentava, parecia no começo tratar-se de semanas ou dias ou pelo menos um dia, um Natal quem sabe, um aniversário ou um dia de férias. Mas para reviver na memória um dia da infância seraim precisas mil imagens, e para nenhum único dia, nem mesmo para meio dia, a memória traria de volta quantidade suficiente de imagens.
Quer se tratasse de experiências de dias, horas ou minutos, vivi a felicidade algumas vezes, por instantes estive próximo dela. Mas daqueles encontros felizes do começo da vida, sempre que os convoquei, interroguei e examinei, um especialmente persistiu."

Sigo amanhã com a parte final da "felicidade" de Herman Hesse...

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Felicidade - Parte II Herman Hesse

Herman Hesse

"Assim como houve músicos que preferiram certos instrumentos ou tonalidades de voz, ou se aborreciam particularmente com eles, ou deles desconfiavam, assim a maioria das pessoas, na medida em que têm um senso de linguagem, preferem certas vogais e séries de letras enquanto evitam outras; e, se alguém ama um escritor especial, ou o rejeita, também o gosto linguístico e o ouvido linguístico desse escritor participa disso, sendo familiares ou estranhos a seu leitor.
Eu poderia,por exemplo, mencionar uma série de versos e poemas que amei décadas a fio e ainda amo, não pelo sentido, sabedoria ou conteúdo em experiênia, bondade, grandeza, mas unicamente por uma determinada rima, um determinado desvio rítmico do esquema convencional, a escolha de vogais preferidas, que o escritor pode ter feito de modo tão inconsciente quanto o leitor que as exercita.
Da construção e ritmo do texto de Goethe ou Brentano, de Lessing ou E.Th.Hoffmann, pode-se deduzir muito mais sobre as características, a tendência física e espiritual do escritor, do que daquilo que esse trecho de prosa nos diz. Há frases que podem estar no texto de vários escritores, e outras que só seriam possíveis em um único desses músicos da linguagem. Para nós as palavras são a mesma coisa que as cores da palheta são para o pintor. Existem incontáveis delas, e surgem sempre novas, mas as boas palavras, as verdadeiras, são menos numerosas, e em 70 anos de vida não vi surgir nenhuma nova.
Também as cores não existem em muito grande número, ainda que sua tonalidade e misturas sejam incontáveis. Entre as palavras existem para cada falante  as prediletas e as estranhas, preferidas e evitadas, cotidianas - que usam mil vezes sem temer o desgaste - e outras - solenes - que, por mais que as amemos, só pronunciamos ou escrevemos com cuidado e reflexão, como objetos raros: fazendo as escolhas que correspondem a essa sua solenidade.
Entre elas está para mim a palavra felicidade.
É uma dessas que sempre amei e escutei com prazer. Por mais que se discuta e argumente sobre seu significado, seja como for, ela significa algo belo bom e desejável. E acho que o som da palavra corresponde a isso.
Parece-me que essa palavra, apesar de sua brevidade* ,(* referência a glück, palavra alemã para felicidade, que tem apenas uma sílaba (N.E.))  tem algo de espantosamente denso e cheio, algo que lembra ouro, e com certeza além da plenitude e densidade também lhe é próprio o brilho parece morar em ruas,  breves sílabas como o raio nas nuvens, começando tão fluída e sorridente, repousando com um sorriso no meio, e terminando de maneira tão decidida.
Era uma palavra para rir e chorar, cheia de fascinação e sensualidade. Se a quiséssemos sentir direito, bastava colocar ao lado desse dourado algo tardio, plano, fatigado, de níquel ou cobre, como realidade ou utilidade, e tudo ficaria claro. Sem dúvida, ela não nascia de dicionários nem salas de aula, não era inventada, derivada ou composta, era algo uno e redondo, perfeito, vinha do céu ou da terra como luz do sol ou uma visão de flores. Que bom, que felicidade, que  consolo, haver palavras assim! Viver e pensar sem elas seria murcho e ermo, seria como viver sem pão nem vinho nem música nem riso. Para esse lado, o natural e sensório a minha relação com a palavra felicidade nunca se desenvolveu nem modificou, a palavra contínua hoje tão breve e pensada e brilhante como sempre, eu a amo ainda como amei na meninice.
Mas o que esse símbolo mágico significa, o que se quer dizer com essa palavra tão simples quanto densa, sobre isso minhas opiniões e pensamentos mudaram muito, e só muito tarde chegaram a uma conclusão clara e determinada. Até bem depois da metade da minha vida eu a aceitava sem a examinar, certo de que na boca das pessoas felicidade era algo positivo e absolutamente valioso, mas no fundo meio banal.
Bom berço, boa educação, boa carreira, bom casamento, progresso na casa e na família, respeito das pessoas, bolsa cheia, baús repletos, pensáva-se em tudo isso ao dizer "felicidade", e eu fazia como todo mundo.
Parecía-me haver as pessoas felizes e as outras, assim como havia as sensatas e as outras. Também falávamos de felicidade na história universal, pensávamos conhecer povos felizes, épocas felizes. Mas nós mesmos vivíamos no meio de um período inusitadamente "feliz", estávamos rodeados da felicidade de uma paz prolongada, de uma ampla liberdade, de um importante conforto e bem-estar, como num banho morno, e mesmo aasim percebíamos isso, aquela felicidade era apenas natural, e nós jovens naquele momento aparentemente tão amável, confortável e pacífico éramos esnobes e céticos, coqueteávamos com a morte, com a degeneração, com a interessante anemia, falando da Florença do Quatrocento, da Atenas de Péricles e de outros tempos passados como sendo "felizes". "
Amanhã, sigo postando..pois tem mais..bem mais meus queridos. avant!!!!

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Felicidade...Herman Hesse.


Herman Hesse (1877-1962) escritor alemão, suiço por adoção, era um escritor cuja sensibilidade  se afinava ou harmonizava de modo feliz com o clima dos anos da contracultura e do movimento hippie e, por isso ele voltou a se tornar um sucesso entre os jovens de então. Sempre gostei de ler Herman Hesse e gostaria de passar algumas pinceladas em meu blog sobre esse escritor, tão importante na literatura mundial. Li esse texto "Felicidade" que foi publicado no Brasil pela editora Record lá por volta de 1999 ou 2000, fim de século, início de um novo.; Vou postá-lo em duas ou tres partes para meus amigos poderem ler e meditar, essa maravilha pensada e escrita por Herman Hesse, natural do povoado de CALW, Alemanha, e que aos 35 anos deixou seu país natal, rompendo com sua família e seu País,  se instalando na localidade  de Montagnola na Suiça, onde ficou até o final de sua vida. Vale a pena. Boa leitura.
" O ser humano, como Deus o imaginou e a literatura e sabedoria dos povos o entenderam por muitos milhares de anos, foi criado com uma capacidade de alegrar-se com as coisas mesmo que não lhe sejam úteis, com um orgão reservado para apreciar o que é belo.
Espírito e sentidos sempre participaram em igual medida nessa alegria do homem pelo belo e, enquanto pessoas forem capazes de se alegrar, no meio de pressões e perigos, com coisas como as cores da natureza ou um quadro pintado, o chamado da voz da tempestade ou da música feita pelo homem, enquanto atrás da superfície dos interesses e necessidades o mundo puder ser visto ou sentido como um todo onde existe uma ligação do movimento de um gato com as variações de uma sonata, do comovente olhar de um cão com a tragédia de um escritor, num reino múltiplo de mil relações, correspondências, numa linguagem eternamente fluindo para dar ao ouvinte alegria e sabedoria, divertimento e emoção - enquanto isso existir, o homem poderá sempre voltar a dominar suas fragilidades  e atribuir um sentido à sua existência, pois "sentido" é aquela unidade do múltiplo, ou aquela capacidade do espírito de pressentir unidade e harmonia na confusão do mundo.
Para o verdadeiro ser humano, íntegro, inteiro e intacto, o mundo se justifica e Deus se justifica incessantemente através de milagres como este: que além do frio da noite e do fim do período de trabalho exista algo como a atmosfera vermelha no crepúsculo e as fascinantes transições do rosa ao violeta, ou algo como as mutações do rosto de uma pessoa quando, em mil transições é recoberta, como o céu noturno, pelo milagre do sorriso ; ou que existam as naves e janelas de uma catedral, a ordem dos estames no cálice da flor, o violino feito de madeira, a escala de sons, algo tão inconcebível, delicado, fruto do espírito e da natureza, racional e ao mesmo tempo supra-racional e infantil como a linguagem.
A linguagem com suas belezas e surpresas, seus enigmas, sua aparente perenidade, mesmo assim não está livre de fraquezas, enfermidades, perigos aos quais está exposto tudo o que é humano - e isso a torna para nós, seus discípulos e servos, um dos mais misteriosos e nobres fenômenos na Terra.
E não é apenas que cada povo ou comunidade cultural tenha criado a linguagem que corresponda a suas origens e ao mesmo tempo sirva aos seus projetos ainda não pronunciados não apenas que um povo possa aprender, admirar, rir da linguagem de outro povo e mesmo assim nunca a entender inteiramente! Não: também para cada indivíduo, na medida em que ele não viva em um mundo ainda afásico ou excessivamente mecanizado, e por isso mesmo novamente afásico, a linguagem é um bem pessoal; para cada falante, portanto para cada ser humano inteiro e íntegro, palavras, sílabas, letras, formas e as possibilidades da síntaxe, têm seu valor especial que só a elas cabe, e cada linguagem legítima pode ser sentida e vivida por cada pessoa de maneira totalmente pessoal e única, ainda que ela não se dê conta de nada disso."
Amanhã tem mais...e tenha a certeza....é muito bom ler Herman Hesse....

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

"Tudo pago com dinheiro público..."- nobre vereador em TAUBATÉ SP

RODSON LIMA (PP) vereador em TAUBATÉ SP

Aos indignados. Uma preciocidade dessas não poderia deixar de ser comentada aqui no blog do defensor de causas perdidas. Pelo menos o desabafo de quem não consegue ficar quieto diante de tanta senvergonhice que toma conta do Brasil do futebol e carnaval. Agora trátase de um vereador. safado, criminoso, debochado, ridículo e lidimo representante da classe mais enxovalhada da nação. O nome da peça é RODSON LIMA e é vereador na cidade de Taubaté, São Paulo pelo partido denominado PP. O energúmeno está hospedado em um Hotel em  Sergipe onde deve ter ido a algum congresso, desses congressos organizados sómente com o fim de alguém ganhar algum e para que os participantes peguem suas espôsas, filhos e penduricalhos e tirem alguns dias de férias por conta, claro, do Poder Público, ou seja, o seu dinheirinho recolhido de impôsto. Esses sujeitos passam o ano inteiro viajando por nossa conta e se isso não bastasse temos que ouvir esse apedeuta, descarado, imoral, debochar de seus eleitores numa página na internet e dando uma entrevista a um canal de televisão. “Nesse momento, estamos hospedados em um hotel cinco estrelas, com uma 'big' de uma piscina e de frente para o mar. Tudo pago com dinheiro público. O povo me dá vida de príncipe”, dizia a mensagem postada pelo político em uma página do Facebok criada para discutir eleições no ano que vem. E tem mais, : "Eu descobri que o hotel é três estrelas, mas pra mim é como se fosse um palácio. Eu estou conversando com você na janela e tem uma piscina de 40 metros com cachoeira, é brincadeira?!" "Vivo a vida de príncipe há 15 anos. Dois motoristas, assessores, celular, assessoria jurídica, gabinete com ar condicionado... Inclusive até postei assim: engenheiros que são formados por Harvard, Yale, Michigan não desfrutam disso que eu desfruto. É muita honra que o povo me dá. Eu sou eternamente agradecido".   Fico pensando como pode um sujeito desse naipe chegar a esse ponto pois com certeza foi eleito e referendado pelo TRE de seu estado.  E como aqui no Brasil o povo é um bando de idiotas assumidos, tudo vai continuar assim até quando isso aqui virar numa bagunça ingovernável e os militares resolverem emparedar um par de gente. Daí vamos curtir mais uns 30 anos de ditadura, talvez o que realmente esteja fazendo falta a esse País. Cada dia isso aqui fede mais. e...fuiiii!!!!!
EM TEMPO: O vereador responde a 14 processos na Justiça Eleitoral e está inelegível para a próxima eleição, mas afirmou que deseja colocar os filhos dele na vida pública.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

CORRUPÇÃO MADE IN BRAZIL.

Dados, levantamentos e análises sobre a corrupção no Brasil

(O Estado de São Paulo)
A frequência dos escândalos e o aumento dos casos envolvendo o desvio de recursos públicos levaram 64% dos brasileiros a acreditar que a corrupção aumentou nos últimos três anos, ou seja, de cada 10 pessoas, seis acreditam que a corrupção cresceu. O índice mundial de percepção,  no entanto, permaneceu inalterado na comparação com 2009. O Brasil ocupa a 69ª posição no Ranking  de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional com uma pontuação de 3,7 em uma escala de zero a dez, em que dez indica que os servidores são percebidos pela população como pouco corruptos e zero corresponde à percepção de corrupção disseminada. Em 2009, o Brasil ocupava o 75º lugar entre 180 países no ranking. Já a pesquisa Barômetro Global da Corrupção 2010, da Organização Transparência Brasil, os partidos políticos, o poder Legislativo e os policias  (especialmente os estaduais) estão entre os mais corruptos.

Enquanto isso, as denúncias no poder público não param de surgir. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), tramitavam nos tribunais federais, em 2010, 2804 ações de crimes de corrupção, improbidade administrativa e lavagem de dinheiro, enquanto nos estaduais, 10104. Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), no ano passado, a corrupção teria causado a perda de recursos entre aproximadamente R$ 50,8 bilhões e R$ 84,5 bilhões. Considerando só o valor mínimo, seria suficiente a compra de 160 milhões de cestas básicas, ou a construção de 918 mil casas, ou ainda, 57 mil escolas.

Nova modalidade esportiva...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk   mais ummm.....heheheeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!!!!!!!!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

AJURIS e a Corregedora Nacional de Justiça.

Ministra Eliana Calmon
Pronto. Esta formada a confusão. Tudo porque a Corregedora nacional de Justiça, Ministra Eliana Calmon denunciou haver  corrupção no judiciário o que acabou mexendo com os brios da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul,(AJURIS) Brasil. Os senhores membros da Ajuris devem saber mais que a Ministra pois sentiram-se ofendidos ao extremo diante de tal denúncia. Tenho o seguinte pensamento a respeito disso. E aqui quero externa-lo haja vista vivermos teóricamente numa democracia.  Com certeza, sim, existe algumas criaturas que se travestem de juízes e atuam no Poder Judiciário. E cabe as corregedorias de todos os estados da União deixarem o corporativismo de lado e expurgar sumariamente tais criaturas. Um serventuário corrupto causa mais estrago quando usa sua função em coisas erradas do que um bandido do outro lado da mesa. Sempre opinei sobre isso no sentido de que um governador, um prefeito ou um vereador muitas vezes é um criminoso mil vezes mais danoso do que um cara que assalta uma casa, um banco ou seja lá o que for. Usa seu cargo para roubar e com isso prejudica milhões de contribuintes  motivo pelo qual devem ser punidos com a maior severidade possível. E isso vale para qualquer cargo público. Do "balconista" do cartório ao Juiz Desembargador. Então acho que, em vez da Ajuris ou qualquer outro órgão que reúne sua respectiva categoria, ficar ofendida pela denúncia, saia atras das providências necessárias para coibir e punir os maus serventuários. É sabido e divulgado a 4 ventos a total omissão e corporativismo das associações de classes no pais inteiro. Algumas chegam as raias da vergonha como a que regula a profissão médica. Então srs., mãos a obra. E tenham a certeza que fazendo a lição de casa terão a unanimidade dos contribuintes que pagam, e como pagam, seus proventos e penduricalhos. Sem contar que recuperarão  a devida credibilidade ao Poder Judiciário, aqui no Brasil tão desmoralizado quanto os outros Poderes da República.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

                 


            Qualquer semelhança não será mera coincidência!
                            GRÉCIA: é difícil acreditar
Retirado do fórum do Jornal Económico - 29/06/2011
Lê-se, por vezes, que os Gregos, coitadinhos, são um pobre povo periférico que está a sofrer as agruras de uma crise internacional aumentada às mãos da pérfida Merkel.
Já é tempo de sair desta superficialidade, de perceber que os Gregos têm culpas no cartório, que não foram sérios e que não o estão a ser.
Os Gregos levaram a lógica dos "direitos adquiridos" até à demência, até à falta de vergonha. Contam-se factos inauditos.
Os exemplos desta falta de seriedade são imensos, a saber :

1 -
Em 1930, um lago na Grécia secou, mas o Estado Social grego mantem o Instituto para a Proteção do Lago Kopais, que, embora tenha secado em 1930, ainda tem, em 2011, dezenas de funcionários dedicados à sua conservação.
 2 - Na Grécia, as filhas solteiras dos funcionários públicos têm direito a uma pensão vitalícia, após a morte da mãe/pai-funcionário público.
Recebem 1000 euros mensais - para toda a vida - só pelo facto de serem filhas de funcionários públicos falecidos. Há 40 mil mulheres neste registo que custam ao erário publico 550 milhões de euros por ano.
Depois de um ano de caos, o governo grego ainda não acabou com isto completamente.O que pretende é dar este subsidio só até fazerem 18 anos ...

3 -
Num hospital público, existe um jardim com quatro (4) arbustos.
Ora, para cuidar desses arbustos o hospital contratou quarenta e cinco (45) jardineiros.

4 - Num ato de gestão muito "social" (para com o fornecedor), os hospitais gregos compram pace-makers quatrocentas vezes (400) mais caros do que aqueles que são adquiridos no SNS britânico.
5 -
Existem seiscentas (600) profissões que podem pedir a reforma aos 50 anos (mulheres) e aos 55 (homens). Porquê ?
Porque adquiriram estatuto de profissões de alto desgaste. Dentro deste rol, temos cabeleireiras, apresentadores de TV, músicos de instrumentos de sopro ...

6 - Pagava-se 15º mês a toda a classe trabalhadora.
7 - As Pensões de Reforma de 4.500 funcionários, no montante de 16 milhões euros por ano, continuavam a ser depositadas, mesmo depois dos idosos falecerem, porque os familiares não davam baixa e não devia haver meios de se averiguar a inexatidão dessa atribuição.
8 - Chegava-se ao ponto de só se pagarem os prémios de alguns seguros quando fosse preciso usufruir deles !
9 -
A Grécia é o País da União Europeia que mais gasta, em termos militares, em relação ao PIB (dados de 2009). O triplo de Portugal !
10 -
Há viaturas oficiais da administração do Estado que têm 50 condutores. Cada novo nomeado para um cargo nomeia três ou quatro condutores da sua confiança, mas como não são permitidos despedimentos na função pública os anteriores vão mantendo o salário.
11 -
Em, 27/06 último, o Prof.Marcelo, acrescentou mais uma à lista.
Afirmou ele: " Na Grécia, cerca de 90% da terra não tem cadastro.
Agora digo eu: sabem o que significa isso ?
Significa que os proprietários não pagam impostos.
Eu já tinha ouvido dizer que os gregos não pagavam impostos. Ora, a grande receita do Estado provém dos impostos. Isto quer dizer que o erário publico do Estado grego esta vazio, totalmente vazio.
Quer dizer, os milhões da UE é que serviram, durante todos estes anos, para manter o nível de vida atingido dos gregos.
Não admira que já tenham estorado 115 mil milhões e agora precisem de mais 108 mil milhões.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Shopping Center Norte.

Ufa..Demorou...com certeza até então a Prefeitura de São Paulo e a CETESB,  por interesse de algum político ainda não tinha tomado providência quanto a "bomba relógio" de propriedade da familia Baumgart proprietários do complexo Shopping Center Norte que abrange entre outras coisas o Lar Center e o Expo Center, um centro de exposições dentro da mesma área problemática. É mais um dos milhões de problemas gerados com a conivência do Poder Público , neste caso, a construção de um shopping center em cima de
um lixão...isso mesmo gentes....foi erguido em cima de um LIXÃO sem obedecer siquer algum artigo da Lei que regulamenta edificações na cidade de São Paulo. Que se expliquem as autoridades de plantão porque tal obra funciona a muitos e muitos anos e só agora todo esse alarido. Vai explodir tudo dentro de alguns dias? Quem libera o habite-se para funcionar tal local haja vista, segundo os especialistas de plantão, aquilo lá poder explodir devido a gerar gaz metano. ( resultante da decomposição do lixo urbano ali depositado por muitos anos) . Causa indignação essas coisas porque durante apoximadamente 30 anos o povo de São Paulo transitou sobre toda essa porcaria sem imaginar o perigo a que estava expôsto. Aqui sempre é assim. Onde se mexe tem sacanagem. Porque é a única explicação plausível para isto só agora ser divulgado e o Prefeito Municipal, marqueteiro mor do estado paulista, usar a midia pra se promover. Lembra até um certo ex-prefeito e ex governador de tempos atrás. Seria, o Sr. Gilberto Kassab discípulo de tal criatura????
O tempo dirá. Eu, tenho opinião formada a respeito, mas os paulistas que votam nessas porcariadas todas tem o governo que merece. Depois dos políticos usarem bastante a midia para se promover, tudo voltará como antes no quartel de abranthes... o Shopping será liberado e tudo esquecido...até...explodir e matar
um bando de inocentes. Eu hein....fui

terça-feira, 4 de outubro de 2011

histórias do cotidiano...

Meu vizinho é vigia noturno da Prefeitura Municipal. Quando a espôsa dele está chegando do trabalho lá pelas 18:30 horas, ele, banho tomado, calça do uniforme vincado "nos trink", sapato lustrado, garboso, está saindo para mais uma noite de labuta. Volta e meia se encontram na saída ou entrada como queiram, da casa onde habitam. Ele saindo, ela entrando. Se beijam demoradamente , ele sonhando com a chegada do sábado e domingo pois é quando pode ficar com ela namorando sem maiores preocupações. Ela, toda dengosa reclamando a falta do marido no jantar, e claro, o achego logo mais tarde. Ontem de manhã fui pegar o jornal na minha porta e ao abrir o portão da minha casa a confusão estava formada. Carro de polícia, vizinhança alvorotada, cachorro latindo, correria pra todo lado. O que se passou foi o seguinte.
Sempre quando "seu Gildo" chegava pela manhã, lá pelas 7:oo hs. encontrava um bilhetinho amoroso da patroa. " amor...deixei a mesa arrumada e fui até ali a feira pegar algumas coisas para o café. Por favor antes de deitar, me espera para tomarmos café junto. E aquilo se repetia em vários dias da semana. "Seu Gildo ficava   feliz   pelo   carinho  da  companheira  e  antes  do  descanço tomava o café com ela.  
Acontece que "seu Gildo" sentiuse mal no trabalho lá pelas 2:00 horas da madrugada e se mandou prá casa em busca do dengue da mulher. E lá estava, na porta da morada o bilhetinho amoroso.... amor lindo....fui na feira pegar umas coisinhas e ja volto...me espere para o café!!!! Algo estava errado...e a confusão se formou quando ela chegou "da Feira" as 8:00 da matina. Resumindo....seu Gildo esta inconformado com o horário da feira e ela...até agora tenta explicar o que houve com o despertador pois com certeza ele errou "nas hora"....

sábado, 1 de outubro de 2011

Rubens... o carteiro.

 
Rubens..o carteiro.
Bom. Passado vários dias sem postar no blog, estamos de volta depois de passar 40 dias na cidade de Ilhéus Bahia a trabalho. Confesso que foram dias muito gostosos em meio aos baianos daquela cidade. Mas, minha casinha, minhas coisas e meus guardados estavam aqui a minha espera. E é tão bom voltar ao nosso cantinho e ao convívio dos amigos. Então recomeço meus escrivinhados com um post roubado do blog do jornalista Loeffler  http://praiadexangrila.com.br/ la dos pagos riograndenses. É divertido e aqui sempre tem vaga para o riso. Aproveitem.
 
Pense!
 
Era o último dia de Rubens como carteiro.
Durante 35 anos de serviço ele levou as correspondências para toda a vizinhança e sempre tratou a todos de uma forma bastante carinhosa.
Quando chegou na primeira casa de sua rota, foi recebido pela família que ali estava.
Todos gritaram seu nome, e ainda o presentearam com uma linda camisa.
Na segunda casa, presentearam-no com uma caixa de charutos finos.
A família da terceira casa entregou-lhe uma caixa com iscas para pesca.
Na quarta casa foi recebido na porta por uma loira deliciosa, vestida com uma camisola transparente e minúscula.
 Ela segurou sua mão, levou-o para dentro e, gentilmente, fechou a porta,  subiu as escadas em direção ao quarto e transou com ele de uma forma que ele jamais havia experimentado.
 A mulher fazia de tudo, literalmente tudo, realmente parecia insaciável.
 Quando ele já não agüentava mais, os dois desceram para a cozinha, onde ele foi novamente surpreendido
 com um café gigante: frutas, geléias, bolos, pães e um suco de laranja.
Quando estava saciado, a loira ofereceu-lhe um copo de café expresso.
Enquanto ela preparava, ele percebeu uma moeda de 10 centavos ao lado da xícara.
- Tudo isso foi tão maravilhoso, mas por que a moeda de 10 centavos, perguntou o carteiro?
- Bem, ontem à noite, eu avisei ao meu marido que hoje era seu último dia de trabalho, e que nós deveríamos fazer algo especial pra você.
 Perguntei o que deveríamos lhe dar e ele disse:
"Fode com ele: Dá uma moeda de 10 centavos!"
Mas, o lanche foi idéia minha!