terça-feira, 22 de março de 2011

Tombos e risos...


  Todo mundo ri quando alguém escorrega ou tropica e cai um tombo.  Aqueles que não riem abertamente, escancarado, o fazem escondido, por dentro achando graça mais ou menos de acordo com o “grau” do tombo. Eu além de rir do tombo dos outros, pois não consigo segurar, dou risada dos meus tombos. Levei um par deles. Sempre fui meio estabanado, fazendo as coisas ligeiras, apressadamente. O penúltimo que me lembro, (sempre vai ser o penúltimo) foi um tombo regular. Caí da amurada de um palco la na Praia Grande. Não sei como foi, pois tombo a gente nunca sabe como foi. Sabe que caiu, pois dói tudo. Agora como foi, só suposição. A verdade é que quando vi, tava lá no chão, estabanado,  achando que dessa vez, já era. Tinha me quebrado todo. Depois de alguns segundos, depois de vários amigos acorrerrem em socorro ao tonto, percebi que não tinha acontecido nada. Apesar da altura, coisa de uns 3 metros tive a sorte de cair num estrado de madeira, fofinho, gostosinho. Caí de lado, bati o ombro e um pedaço do costilhar. Chacoalhei a cabeça por causa da tontura e devagarzinho fui me recompondo. Não foi dessa vez. Escapei ileso e na verdade nem faço idéia como. Aliás, até faço um pouco. Entre outras coisas escapei porque sou um cara magro, peso coisa de 62 Kg. E isso ajuda aos tontos que caem. Se fosse um gordito, já era. Pois ia chegar lá embaixo com uns 300 kgs. E aí sim... Seria coisa feia. Teria muitos mais tombos prá relatar. Mas um, em especial, gostaria de contar, pois acho que merece registro no “curriculum tombal” de quem vos fala.
Eu voltava de Montevidéo, onde residia em função do trabalho, depois de 30 dias sem ver minha gente. Vinha, como sempre, ansioso, louco prá chegar, enjoado de comer comida assada e frita o mês inteiro. O avião da Varig (sim, aquela empresa aérea maravilhosa dos gaúchos, com certeza uma das melhores do mundo em atendimento e que: acabou) vinha lotado de gente. Turistas, empresários, gente de todo tipo misturado que nem ônibus que faz a linha Parque Dom Pedro/ Sapopemba aqui em Sampa. A viagem aérea tinha sido enjoada o tempo inteiro, pois o tempo estava enferruscado, o avião vinha “corcoveando” a todo o momento e todos os passageiros estavam enjoados, loucos pra chegarem que nem eu. O avião demorou pra estacionar. Todos dentro do “aparato” que nem falam os argentinos, de pé, esperando ansiosos, a porta abrir. Eu, todo entrouxado por causa do frio uruguaio que tinha ficado pra trás, aparamentado de terno, gravata, casacão no braço esquerdo, maleta de executivo na direita, fui o primeiro a encostar-se à porta, atrás apenas da aeromoça que iria abrir adita cuja prá “manada” sair. Abriu. Veio àquela lufada de ar fresco, gelado, e me mandei porta afora. Só esqueci que tinha uma escada de “mas o menos” uns 40 degraus, de aço liso, duro, escorreguei, pois o sapato era de couro, e vim descendo, rápido, célere em direção ao piso de cimento de Congonhas.  Dizem os entendidos do assunto que era a coisa mais linda de ver. Uma hora se enxergava as pernas, outra, a cabeça, muitas vezes a maleta e o casaco no ar, e fui indo, rolando degraus abaixo da escada. Bati a cabeça umas 30 vezes e algumas delas, doeu prá xuxu. Até que parou. Tinha chegado à terra santa. Eu sentia que algumas pessoas não queriam rir. Mas não dava. Alguns queriam acudir, mas, rir, era o melhor remédio. A maleta já na terceira capotada abriu e os papéis que lá estavam (eram centenas de documentos) voaram e se espalharam pela pista. Tinha aeromoça juntando, aero moço correndo atrás, outros queriam me juntar e eu não conseguia me erguer. Eu olhava pra sacada do aeroporto e lá tinha um monte de gente... rindo !!! De onde estava só pensava assim. Tomara que meu filho não tenha resolvido ir à sacada ver avião!!! O vexame seria nacional. Os papéis se foram ao vento de Congonhas. Só recuperamos alguns. O ônibus que pegava os passageiros na pista encostou e eu, baixei a cabeça e fui a pé, pois achei melhor não encarar os demais companheiros de viagem. O fiasco era de proporções imensas.  Quando saí no saguão do aeroporto às pessoas me olhavam e sabiam com certeza que eu era o cara!!! Me doía tudo do cabelo ao dedo mingo do pé. Mas fiquei soberbo. Peito erguido como se nada tivesse acontecido. Minha mulher e meu filho me esperavam e pela primeira vez me receberam contidos. Me abraçaram, fomos em direção a porta pra pegar o carro no estacionamento e eu percebia que minha mulher e meu filho... estavam rindo por dentro... mas sérios, quietos...solidários.  Um tombo como esse merecia respeito. E como respeito começa em casa tudo continuou como se nada tivesse acontecido. Muitos anos se passaram e eu sempre encontrei pessoas em Congonhas que olhavam prá mim...e riam.  E eu, desconfiado, ficava pensando...será que são pessoas conhecidas ou...
Te amanhã meus queridos.

Um comentário:

  1. Então, estes dias eu estava andando lá na 25 de março e uns caras cochicharam:olha,lá vai o irmão daquele tanso que caiu nas escadas do avião, que vergonha....

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